Pax Intratibus

8.3.06

In-Situações

Depois de uma Évora há tantos anos reconhecida pela UNESCO como património mundial, exemplo dignificante mais tarde seguido por Serpa, eis-nos agora, esta Pax-Iulia tão esquecida e relegada para segundo plano em tantos aspectos, em vias de apresentar um projecto inédito ao IPPAR: considerar toda a parte antiga como de interesse público o que é inédito em Portugal, já que não se trata de um edifício, mas sim de um conjunto de urbanizações cheias de história. Não será tão grandioso como o reconhecimento de interesse mundial, estatuto de que Évora goza merecidamente.
Atendendo a que Beja é pertença portuguesa há mais anos que Évora é caso para recordarmos o Mestre Nazareno quando dizia que “os últimos serão os primeiros”.
O afastamento cada vez maior entre Beja e o Poder Central já tornou os 180 Km’s que medeiam Lisboa e Beja em 360 Km e a distância aumenta; em contrapartida, os 150 Km’s que distam de Évora a Lisboa reduziram-se a uns meros 50 Km’s. É óbvio que não falo de distâncias geográficas mas sim de distâncias ao nível das intenções. Évora cresce, Beja parece crescer. Temos cada vez mais urbanizações e que Indústria temos? Retire-se a CMB, o Cameirinha e os Hipermercados e com o que ficamos em termos de entidades empregadoras?
Beja não pode viver apenas da prestação de serviços. Urge a conversão da Base Aérea em Aeroporto. Parece ser a discussão acerca deste Aeroporto e a sua hipotética entrada ao serviço mais uma das chamadas Obras de Santa Engrácia, uma vez começadas e nunca mais acabadas (este dito advém do facto de esta Igreja que é hoje o Panteão Nacional ter demorado séculos a ser construída tantas as paragens e os arranques).
Assim é o tratamento que os sucessivos governos têm dado a Beja, uma série de pára-arrancas, com muito mais paragens que arranques. Como diria Pessoa: Beja, quando te cumprirás? Quando te darão o lugar que historicamente tão mereces? Florescemos sob os Romanos, os Visigodos e os Árabes, murchámos com Portugal conquistador. Teremos de desejar um povo que nos reconheça o devido valor? Não! Devemos sim esperar um Governo que Governe em Português sem trelas europeias e muito menos norte-americanas. Que se cumpra Beja como Évora já se cumpriu(e).


As artérias entupidas de Beja com tanto carro estacionado e a circular parecem precisar de um cateterismo para erradicar o colesterol. Ruas há em que o colesterol (leia-se carros) é tanto que o sangue já não circula. Com tantos AVC’s (acidentes vasculares cerebrais) quase se pode prever que as paralisias não tardam. Veja-se a título de exemplo, a zona do castelo, carros estacionados de ambos os lados das ruas, carros cruzando-se em espaços cada vez mais restritos. Que melhor paralelismo poderíamos encontrar que o da acção do colesterol colado às nossas artérias. Esperemos que as tão anunciadas alterações ao trânsito citadino não tardem, porque tudo tarda neste Portugal e muito mais no Alentejo, até nas anedotas. Curiosa a apetência do Português pela ridicularização do alentejano. Os brasileiros têm os argentinos (que detestam) e os portugueses (que gozam), os Portugueses têm os alentejanos, os alentejanos têm os padres e os ciganos. Pergunta-se: Quem terão os padres e os ciganos?
A típica anedota de alentejanos visa quase sempre a célebre moleza, a preguiça, a comparação com o animal rápido que é o caracol. O que não deixa de ser engraçado é que os mexicanos são gozados da mesma forma pelos norte-americanos “Dixies” (os dos estados do sul que se contrapõem aos “Yankees” habitantes dos estados do norte).

2 Comentários:

  • Excelente análise meu caro! Mas se me permite, penso que o mal é geral por todo o Alentejo! À excepção de Évora e do Litoral Alentejano, penso que actualmente o Alentejo passa por um enorme esquecimento (ainda mais!) e uma enorme estagnação!

    Penso que enquanto o Governo Central só olhar para Évora se esquecer de Beja, Portalegre, Elvas, Ponte de Sôr, Montemor-o-Novo, Vendas Novas, Estremoz, Moura, Reguengos de Monsaraz, Serpa e Vila Viçosa (coloco Vila Viçosa ao lado de todas as estas cidades porque considero que Vila Viçosa é mais desenvolvida do que algumas destas cidades, assim como Vila Viçosa já deveria usufruir deste estatuto há algum tempo) o Alentejo nunca, repito, nunca irá para a frente!

    Penso que todas estas cidades e vila que aqui apresentei têm condições ao nível industrial, historico-patrimonial, turistico e de desenvolvimento social de se tornarem juntamente com Évora e o Litoral Alentejano o motor do desenvolvimento no Alentejo.

    Em termos históricos, acho que Évora e Beja não são passíveis de comparação! Évora mais renascentista, Beja mais mourisca, no entanto considero que Beja já deveria ter sido elevada a Património Mundial! Assim como Vila Viçosa, minha vila natal. Sinceramente, e sem qualquer despeito para com Évora, penso que a nível histórico e monumental, Vila Viçosa tem mais condições e motivações para ser Património Mundial! Ainda assim, não esqueço que Marvão, Elvas, as Grutas do Escoural, os Círcuitos Megalíticos de Évora e de Reguengos de Monsaraz, a Vila de Monsaraz e Mértola (se achar que mais alguma localidade ou monumento alentejano deveria aqui ser referido faça favor!) deveriam ser elevados a Património Mundial!

    Mas é como o caro amigo diz, Évora está a "50km" do Aeroporto de Lisboa, Beja ou Vila Viçosa e todas as outras localidades estão a "400km" do Aeroporto de Lisboa!!!

    Abraço

    By Blogger Unknown, at março 09, 2006 12:00 da tarde  

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    By Anonymous Anónimo, at janeiro 20, 2010 6:26 da tarde  

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