Pax Intratibus

24.12.05

Confissões

Confesso que gosto de ler os posts do Celtiberix no "Sombra da Azinheira" e gostei deste último em particular. Porquê? Por causa daquela repetição propositada do: "...daqueles que (desavergonhadamente) teimam em chamar país a isto...". No entanto, discordo quando ele diz que um Deus decretou qualquer coisa de especial para esta altura do ano. Bom, que eu saiba Deus não decretou nada acerca, a Igreja é que o fez. Demos à Igreja o que é da Igreja e a Deus o que é de Deus. O paraíso que o acima referido bloguista persegue na Terra é o único que existe, pois para começar é aqui que o Homem deve ser feliz e não num qualquer local paradisíaco em que não há guitarras nem saxofones (o que desde logo impede que seja paradisíaco).
Que o Natal é muito mais do que um qualquer aniversário do nascimento de Cristo (que aliás nasceu e morreu na Primavera) prova-o o facto de também nós que amamos o Gautama Buda aproveitarmos esta época para de qualquer forma intensificarmos o que já sentimos nos outros trezentos e tal dias do ano civil. Na sua origem, o dia 25 de dezembro era a festa de Mitra, Deus simbolizado por um touro e muito celebrado entre os Romanos e não só. A Igreja fez o que se faz sempre em religião, aproveitam-se os santuários e as datas comemorativas dos Deuses anteriores e é meio caminho andado para uma melhor aceitação do novo culto.
Falar-se da hipocrisia que impele as senhoras "finas" ou nem tanto assim de dar uma esmolita ao sem-abrigo, é problema das senhoras e não de um qualquer sistema filosófico ou religioso. Se a mensagem Crística fosse assimilada, ou seja, se ela se constituísse em "praxis" não haveria a esmolinha do Natal, haveria equanimidade, haveria a entreajuda de todos os momentos. Assim, é-se solidário uma vez em 365 dias (pronto, amigo T., uma vez em 366 dias nos anos bissextos) e fica-se assim como que com a alma lavada, recauchutada, tipo "efeito Breeze". Culpar deste facto, Deus, Buda, o Natal, será no mínimo ingénuo. Culpe-se quem assim age, não porque vai a um templo desta ou daquela religião, mas sim porque não vai lá fazer nada a não ser talvez ser visto e recatar-se do medo de morrer e a seguir não ter para onde ir. Pois por mim essas pessoas podiam ir todas à m... (passe a palavra que me lembrei que os meus amigos me elegeram Abade. Um deles foi o Diácono Euclides também conhecido por Celtibérix, rsrsrsrs). Aproveitemos o Natal para melhorarmos mais um pouco como seres humanos, ajudemos a Quercus, associações de protecção à infância, os idosos, os sem-abrigo, etc. Façamos algo e deixemos as críticas a quem nada faz a não ser proclamar-se piedoso(a) porque é não sei o quê em termos de religião. Quem nada faz pouco é.
Um Bom Natal a todos e todas que têm a inteligência de me ler [ :)) ].

2 Comentários:

  • adorei! Mais importante que os nomes ou os "ismos", é a nossa própria consciência e as acções que daí advêm. Temos a péssima tendência de atribuir ao exterior as consequências pelas acções, criticamos as guerras e os desentendimentos porém temos dificuldade no relacionamento com os nossos vizinhos; familia ou parceiro afectivo-sexual. Por vezes a evolução mais profunda terá de passar por uma visão sincera de quem/quando/como/onde e porquê somos quem "julgamos" ser.

    By Anonymous Anónimo, at janeiro 03, 2006 1:57 da tarde  

  • Adorei que tivesses adorado, Pema. Quando escreves que "...por vezes a evolução mais profunda terá de passar por uma visão sincera de quem/quando/como/onde e porquê somos quem «julgamos» ser", tenho vontade de te citar um velho Mestre Zen quando um discípulo lhe perguntou: "Qual é o caminho do Zen?" e o Mestre respondeu-lhe:"Caminhe!". Seja!
    Namasté.

    By Blogger Abade.anacleto, at janeiro 04, 2006 6:07 da tarde  

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