Pax Intratibus

22.3.06

Reformas Para Quase Moribundos

1, 2, 3, quando será a nossa vez? Abençoadas as crianças que irão herdar a dívida nacional e nos pagarão as benditas (não muito benditas atendendo aos quantitativos) reformas. O nosso Governo já estendeu a nossa força e saúde ao prolongar o tempo de trabalho até aos 65 anos, ou seja, os Portugueses têm de ter força, caso contrário nunca a terão (Nietzsche). Agora esperamos que os 65 anos passem a 70 e então sim. Que espectáculo caricato será ver as ruas cheias não de carros, mas de macas em que a malta terá de ser transportada aos devidos empregos. Imaginem a confusão, garrafas e tubos de oxigénio por todo o lado, juntem-se os suportes do soro e teremos um autêntico cenário de filme de ficção terrorrífica. Claro que dos 70 aos 75 será um pulinho. Nesta altura os reformados com menos 15 ou 20 anos que a tabela darão bastante nas vistas, então finalmente reconheceremos os sortudos que um dia tiveram um cartão partidário com um número, e esse número para sua sorte saíu no sorteio não do cabaz de natal, mas sim para um cargo que permitiu ao fim de 2 mandatos atingir a bendita reforma. O que serão então estes homens válidos pela idade a que se reformaram? Serão como jardins no meio de um deserto, como ilhas cercadas de “velhos” acabados por todos os lados. Os pais tentarão por todos os meios integrar os seus filhos num determinado partido. Vencerão os pais cujo prognóstico de futuro político-partidário se tenha revelado correcto (o futebol passará a 2º plano). Os restantes trabalharão até aos 70/75 anos de idade.
Isto até que poderia ser o início de um romance de ficção cientíca de cariz social, mas infelizmente não o é! Será provavelmente aquilo que espera quem ainda percorre os cada vez mais sinuosos caminhos até à reforma. Eu comecei a descontar com 18 anos, se me reformar aos 70, terei descontado para o Estado cerca de 52 anos. Um político descontará cerca de 10 anos. Viva a Segurança Social Portuguesa, Viva este Portugal cada vez mais usado e abusado. Resta-me a esperança de pelo menos aqueles que conseguirem atingir os 80 anos ainda consigam descansar algum tempo até a terra os reclamar como sua pertença. “Dos torrões vieste e aos torrões e pedregulhos retornarás.”. Os epitáfios serão enfadonhos do tipo: “Aqui jaz quem descontou 53 anos sem ter tido proveito algum”, ou “Ao nosso querido ente falecido que foi um herói da Segurança Social. Aqui jaz quem descontou 62 anos.”.
No entanto e como sou Português e Alentejano ainda tenho esperanças de que as coisas melhorem. Nós os Alentejanos somos os paladinos da esperança. O que seria de nós sem ela? Há centenas de anos que temos esperança e as únicas esperanças que nos aparecem são as “Maria Esperança, Esperança Isabel, etc.”. Esperemos então por um projecto sério que permita recuperar a Segurança Social nos próximos 123 anos de tantas sucessivas sangrias e desagravos. Assinado: Um esperançado em não sei bem o quê!

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