Ai Beja, se outros calam, falamos nós.
Manda quem pode ou manda quem sabe? Claro que manda quem pode se exceptuarmos algumas honrosas situações. De Norte a Sul deste Portugal à beira-mar atravancado, observamos asneiras que nos levam a pensar: Será que eu vejo isto ou aquilo e quem manda não vê? Será que eu sou mais esperto que o Ministro? Ou Presidente de Câmara? Ou de Junta? Argumentaremos que “quem está de fora não racha lenha”, ou seja, “não sabe nem da missa a metade”. Mas quantas vezes se constrói para logo a seguir, por uma qualquer norma comunitária ou da lei portuguesa se ter de imediatamente destruir. Será este o país do “tudo feito em cima do joelho”, do “p’rá frente é que é o caminho” e depois logo se vê?
Li com atenção a entrevista que o actual Presidente da Câmara de Beja, o Dr. Francisco Santos deu ao Diário do Alentejo. Numa das suas intervenções referiu que a descentralização dos diversos serviços camarários (por exemplo, o Departamento da Cultura) sai bastante onerosa à Autarquia e que o ideal seria reunir num único edifício todos os serviços Camarários. Pois bem, acredito nele e até me parece que do ponto de vista dos utentes seria muitíssimo mais cómodo poderem tratar dos seus assuntos dentro de um único espaço do que andarem como os pardais de um lado para o outro. No entanto, e salvo erro ou omissão, apenas me vem à “alembradura” um imóvel que permitiria esta “faena”. A antiga filial do Banco de Portugal em Beja. Porque não cede o Governo Central este “monstro” à C.M.B.? O que faz fechado sem qualquer serventia numa cidade que tanto dele necessita? Por certo, a CMB não teria 500 ou 600 mil contos (ou coisa que me valha) ou alguns milhares de contos para se tornar arrendatária do seguinte edifício. Sabendo o Governo Central das nossas dificuldades e necessidades, o que custaria disponibilizar um imóvel que está literalmente a apodrecer em pleno centro da cidade? Não poderia o nosso Governador Civil intervir mais nos nossos problemas descendo um pouco do seu “pedestal” como representante do Zé Sócrates e propor algo deste tipo ao Governo? Afinal para que queremos o que temos e não podemos usar?
“Tanta parra, pouca uva”, em Beja seria mais “tanto carro, tão pouco espaço”. Beja, rainha eleita como uma das cidades mais empobrecidas de Portugal. Como explicar os Audis, os BMW’s, os Mercedes, os Jipes, tantos e tantos comprados novos e muitas vezes a pronto pagamento; e os apartamentos, os apartamentos, Senhor? 20, 30 mil contos, comprados mal os cabocos estão começados; as vivendas, 50, 60 mil e não dão para as encomendas. Como explicar então este autêntico mistério da “antiguidade” avant-garde? Talvez o eterno arguido, o IFADAP tenha algo a ver com isto, mas não batamos mais no pobrezinho! Por certo não pode ser o único culpado desta situação. Mas e repito, de onde saem tantos proventos que capacitam tantos rendimentos mensais de 150 ou 200 contos de possuírem tantos e tantos valores? Uma vez um jornalista português perguntou a um grande escritor francês (não me lembro do nome, mea culpa): “O que é que diz dizer com determinada passagem neste seu livro?”. O Escritor respondeu-lhe: “Quando eu escrevi esse livro só eu e Deus sabíamos o que eu queria transmitir. Talvez Deus ainda se lembre, eu já me esqueci”. Que rica frase para explicar tanta “fartura” sem óleo nem farinha para as fazer (passe o trocadilho).
Primeiro que tudo parabéns pelo título. Quando toda a gente achava bonito (e assim se sentia com o dever cumprido e a alma lavada)fazer minutos de silêncio por Timor, teve de aparecer um génio com o ovo de colombo: vamos entupir os faxes da onu com mensagens a favor dos timorenses. Só assim os pensadores/decisores decidiram dar o aval à re-invasão contra os invasores. Provou-se mais uma vez que mais vale tê-los no sítio e berrar bem berrado do que embarcar em mil minutos de silêncio!
Mas indo ao que dizes: lembra-te bem que há uns três ou quatro anos Beja foi referida nas televisões como uma das cidades (ou seria "a cidade"?) mais caras do país. Logo no dia seguinte veio à liça o antigo inquilino da casinha da praça dizer que não era bem assim, que se era cara a qualidade da construção era superiormente superior, e todo o fado que todos sabemos solfejar de olhos fechados como o galo que sabe a música "à de cor"; mas pronto, era a sua função e para isso votámos nele (eu incluído, da primeira vez).
Quanto ao governo central: um conhecimento e amizade que vem da infância dá pra saber bem que o Abade não é tão anjinho que acredite que o governo (laranja, rosa, cinzento ou às riscas) não prefira ter aquele edifício fechado em vez de o facilitar a uma autarquia doutra côr! Também já me sopraram às orelhas que a EDAB estaria de olho no edifício. Sinceramente: não sei nem quero saber. Também tenho ouvido montes e montes de gente a grasnar que a CGD devia ir para ali porque assim, que o CRSS devia era estar lá porque assado; que o Centro de Saúde trálará; bojardas maiores que o castelo... esquecem-se da escadaria de entrada, ou então tenho andado a ouvir engenheiros que detêm o segredo das cadeiras de rodas que sobem qualquer série de degraus...
O que te posso dizer é que "precisamos dum rio" porque é rio, e não vamos (como na anedota) pedir a ponte que isso do rio logo se vê.
Um abraço.
PS: este blog está referido no CorreioAlentejo !