Pax Intratibus

7.8.06

Árabes e Judeus... Meu Deus!

Posted by Picasa Foto: Recolhida na UEBA.


Árabes e Judeus. Meu Deus...

No século VIII tivemos no que é hoje o nosso território uma grande dor de cabeça a que chamávamos Mouros. Mais tarde, àqueles que optaram por ficar fizemos-lhes o mesmo que haveríamos de fazer aos Judeus, ou seja, tratámo-los mal. Eram outros tempos, dirão alguns. Hoje, tantos séculos volvidos continuamos a ter a mesma dor de cabeça, a "Enxaqueca Arábica". Só que desta vez, eles jogam em casa e têm muita força. Se antigamente tínhamos a legitimidade do nosso lado para os expulsar do nosso território, hoje essa legitimidade não existe, eles estão no seu terreno.
Exceptuam-se as incursões terroristas a alguns países ocidentais, a quem nós por motivos políticos e étnicos, porque são ilegítimas e porque só trazem dor, criticamos sempre. Concordo que o terrorismo nunca foi e nunca será uma via aceitável para chegar onde quer que seja. Mas, e não resisto a perguntar: e quando este é a única escolha possível? E quando surge como única possível resposta às torturas, violações e outros agravamentos daqueles que detêm a força? Terá neste caso legitimidade? Tornar-se-á ético por ser o único meio ao alcance do fraco? Diremos muitos de nós que o terrorismo NUNCA é resposta, que há sempre a mesa das negociações, que... O facto é que a mesa tem muitas vezes o tampo e os pés cheios de caruncho. As palavras desvirtuam-se, são esquecidas, leva-as o vento; as bombas provocam vento ao deslocar o ar, matam, estropiam, destroem, mas ficam na memória das pessoas. Porém, cada atentado terrorista é mais uma injecção de anestésico que a população mundial leva no cérebro. Estamos cada vez mais imunes ao horror, ao sofrimento dos outros. Fechamo-nos na vida que gostamos de fazer, encerramo-nos no casulo a que chamamos lar, falamos dos temas que consideramos aprazíveis porque o "resto é p'ra esquecer e não é da nossa responsabilidade", observamos as cenas na TV como se fossem filmes de acção. São de acção, mas infelizmente não são filmes. Têm operadores de câmara, produtores, realizadores, actores, tudo para ser um filme. Não o são porque não passam o teste da ficção, passam sim no teste da realidade (ou daquilo que para nossa maior facilidade, designamos por realidade).
Israel, o povo escolhido por Deus e que também o escolheu, Israel cujo patrono é o Arcanjo Miguel, Israel com os melhores serviços secretos do planeta (a "Mossad") e com a melhor (ou das melhores) Força Aérea deste astro colorido de azul. Israel que esquece Deus, que continua a construir os seus bezerros de ouro desde os tempos de Moisés.
Do outro lado, Países Islâmicos, uns com mais poder que outros, com mais apoios que outros, com maior boa-vontade que outros. Países divididos na religião entre Sunitas (maioritários) e Xiitas (seguidores de Ali, genro de Maomé, e considerado pelos Xiitas como o único digno sucessor do Profeta), totalmente islamizados uns, mais ocidentalizados outros; duas concepções bem diferentes de encarar o mundo, de viver consigo e com os outros. Países que levam a dor, que tornam tantos filhos órfãos com os seus terríveis atentados Bombistas. Países que se têm cada vez mais fanatizado à sombra de um Livro chamado Corão e sem motivos. O Corão, para quem já o leu é um livro cheio de beleza e de violência também (como a Bíblia e a Tora) que se vê tão deturpado para justificar o injustificável numa tão grande Religião. Uma religião que anela pela paz e harmonia; com uma história cheia de tolerância que já não encontramos hoje em dia em grande parte dos casos.
Temo cada vez mais que a solução para o conflito israelo-árabe é como Bob Marley afirma numa das suas canções: "It seems like, total destruction it's the only solution. There ain't no use, no one can stop them now..." (parece que a destruição total é a única solução. Não vale a pena, ninguém pode pará-los agora...).
O ódio entre Sunitas e Xiitas tem de ser resolvido, mais cedo ou mais tarde. Os cerca de 8 anos de guerra entre o sunita Iraque e o xiita Irão nada ou pouco resolveram a este nível. Parece-me que o mundo se vira cada vez com mais força para a aniquilação. "Deus criou o Mundo, mas a partir daí nunca mais se quis meter nesta barafunda!".
A "Sharia" ou Lei Islâmica que tudo ou quase tudo regula é dura, como duras são aquelas gentes. Mas Israel também tem uma Tora cheia de regras, violência e destruição. Os "catecismos" adequam-se reciprocamente.
A prática da caridade, da solidariedade, da amizade, do desapego, traz-nos a paz; uma bala na cabeça também! Um antigo professor de Psicologia disse-me uma vez que o Ser Humano se rege sempre pela lei do menor esforço, é a sua tendência natural. Realmente a bala implica um muito menor esforço do que o praticar uma religião ou filosofia de vida com todas as suas "exigências", que apele à paz e à harmonia. "Ai conflitos, conflitos, quantas das vossas balas são feitas na fábrica de Braço de Prata?" (ao pé de Lisboa) (Camões ultra-corrompido).
Os Homens de paz são assassinados (Buda (foi envenenado), Jesus, Gandhi, Martin Luther King, etc, etc.); os de guerra matamo-los um pouco mais tarde, quando os conseguimos apanhar.
No fundo nada mais temos do que um terrorismo árabe "ilegal", à revelia das leis Internacionais e do outro um terrorismo praticado pelo Estado Judaico, que assenta na "legitimidade" de um governo democraticamente eleito, mas que mais não é do que terrorismo puro e simples. Israel alega as que as suas intervenções servem para destruir as bases que o Hezbollah tem no sul do Líbano. Para o conseguir já assassinou centenas de civis, provocou milhares de feridos e quase 1 milhão de desalojados. Muitos destes últimos sem um tecto, água ou comida. Que os Judeus sofrem/sofreram desde tempos imemoráveis às mãos de tantos povos é uma verdade. A II Guerra com o seu ominoso Holocausto que ceifou a vida a milhões de judeus deveria ser um lembrete contínuo, um travão para que Israel não fizesse o que lhe fizeram tantas vezes. Parece bem que não! Fazemos aos outros o que eles nos fazem/fizeram a nós. Então no meio desta salgalhada toda quem são "os bons e quem são os maus"? É que já não dá para distinguir. Nós, cidadãos comuns tendemos para a defesa de Israel ou dos Árabes consoante a nossa cor política, a nossa religião, os nossos referenciais. Seja qual for o lado que defendemos arranjamos sempre argumentos para justificar o que não pode ter justificação. Qual a diferença? Assassinos de um lado e assassinos do outro.
Valha-nos quem vocês quiserem porque isto está mesmo a dar para o torto.

14 Comentários:

  • Mais um belo texto! Lembrei-me de uma música dos U2, Sunday, bloody Sunday, quando Bono canta "When facts are fiction and TV reality"...
    Estes radicais acabam por desvirtuar a religião que "defendem", usando-a como pretexto para a violência.

    Abraço e boa semana!

    By Blogger RCataluna, at agosto 07, 2006 10:08 da tarde  

  • Tens razão amigo Cataluna. O Sunday Bloody Sunday adequa-se de forma perfeita. Penso que um radical não vive nem deixa viver a sua religião. Quer impô-la da forma adulterada como a interpreta, como a faz encaixar nos seus esquemas de violência.
    Abraço.

    By Blogger Abade.anacleto, at agosto 09, 2006 6:47 da tarde  

  • Este é definitivamente um dos melhores textos que li desde o inicio do conflito Israel - Hezbollah!!!

    Concordo também com o Sunday Bloody Sunday, com a música e com o triste acontecimento que também aconteceu devido a uma rivalidade religiosa, Católicos contra Protestantes...

    Voltando ao conflito, esta é uma questão muito dificil de analisar, mas para mim, o problema vem de 1948 que os EUA e o RU, encobertos pela ONU decidiram criar o Estado de Israel... Só que houve uma parte em que eles erraram crassamente!!! Primeiro esqueceram-se porque é que os Judeus saíram daquele local (derrotados pelos Árabes) e segundo onde é que já se viu um país ou uma organização decretar o final de um país para lá colocar outro?!?! Foi isso mesmo que aconteceu! Extinguiu-se a Palestina e criou-se o Estado de Israel. Penso que é normal que os Árabes tenham ficado chateados, principalmente os Palestinianos. Para os Israelitas como se não fosse suficiente, começam a atacar e a invadir os seus países vizinhos, por sinal, muçulmanos... Um povo não pode nunca perder a sua identidade e esquecer o seu país como assim definiram os EUA, o RU e a ONU. Não me venham dizer que os muçulmanos não têm identidade nacional pois são todos farinha do mesmo saco. Então se assim é, os católicos (portugueses, espanhóis, italianos, franceses, brasileiros...) tem todos a mesma identidade e não possuem uma identidade nacional! Convém também lembrar que antes de 1948, data da criação do Estado de Israel, os únicos actos de terrorismo praticados eram os dos ex-colonizadores (RU ou França e Itália, não tendo tido este último qualquer colónia no Médio Oriente mas entrou também no rol) contra os ex-colonizados pela luta do poder do petróleo... Atenção que não sou anti-semita nem anti-muçulmano, apenas tento ver o problema com os factos históricos, que a mim me parecem ser os mais fiáveis...

    Mais uma vez, parabéns pelo excelente texto!!!

    Abraço!

    By Blogger Unknown, at agosto 10, 2006 8:22 da manhã  

  • Embora tenha de concordar contigo, uma vez que colocas a questão nestes termos, sabes que a minha posição em relação a Israel é um pouco diferente.
    É evidente que os fundamentalismos, sejam de que natureza forem, dão sempre mau resultado. Mas não esquecer que, apesar de tudo, Israel é um país democrático (talvez uma democracia incompleta, não laica), ao contrário dos seus inimigos que são estados puramente teocráticos onde a democracia é uma miragem.

    Por fim, deixa-me que te agradeça os dois comentários que colocaste no meu blog.

    Quanto à questão da "quarentena", não é uma situação tão rara assim.
    Apesar de sermos todos diferentes uns dos outros, há padrões de comportamento mais ou menos estáveis. E o medo de ver-se ao espelho é transversal e aplica-se a toda a gente.

    Quanto ao Peter Gabriel, aconselho-te a ouvir aquele disco. Não tem nada a ver com Genesis e muito menos com Phil Collins.
    É, como referi, um tratado sobre relações humanas.
    Para além da poesia e da música há ainda a reprodução de uma pintura por cada música, que te ajuda a acompanhar a música visualmente, criando uma perspectiva de conjunto.
    Ainda por cima, acho que já se encontra a preço reduzido na FNAC.

    Um abraço.

    By Blogger Francisco, at agosto 10, 2006 8:48 da manhã  

  • Tal como dizem, este conflito dura há séculos. E tal como digo sempre aqui, não há só um culpado. O que há, isso sim, alguns (poucos) fanáticos que deitam tudo a perder. Lembro-me bem, durante o tempo de alguma paz entre os palestinianos (e do restante mundo árabe) e Israel, houve sempre de alguns fanáticos ataques terroristas que deitaram tudo a perder. Mas do lado de Israel também os há. O agora moribundo ex-PM, agora não me lembro do nome, provocou os árabes e foi aí onde realmente começou o actual estado de coisas.
    Também sempre digo, há tantas e tantas coisas envolvidos nesta questão que é muito complicado de chegar a uma conclusão. A única que eu me lembro sempre nessas situações é o "não à guerra". Mas quem sou eu...

    By Blogger Zig, at agosto 11, 2006 1:21 da manhã  

  • @Restaurador: Muito obrigado pelo teu elogio. Concordo contigo e gostei do esclarecimento histórico que aqui deixaste e que realmente e também na minha opinião foi o começo desta trapalhada toda.
    Um Abraço e bom fim-de-semana.

    By Blogger Abade.anacleto, at agosto 11, 2006 9:08 da manhã  

  • @Chico: Sim, tens razão. Os fundamentalismos são sempre algo que se cola às canelas como grude.
    Como sabes e dizes bem, a nossa visão deste conflito não é concordante, o que não deixa de ser estimulante.
    Os comentários que deixo nos blogs que frequento são sempre sinceros de outra forma nem valeria a pena pô-los lá.
    Realmente os Seres Humanos na sua diversidade caracterial e personalística têm sempre padrões de comportamento em determinadas situações, muito semelhantes (excluo aqui os comportamentos padronizados a que os biólogos e os etólogos dedicam o seu tempo).
    Vou tentar ouvir esse trabalho do Peter Gabriel com atenção redobrada.
    Um Abraço e bom fim-de-semana.

    By Blogger Abade.anacleto, at agosto 11, 2006 9:14 da manhã  

  • @Zig: Zig tens toda a razão. Realmente seria fastidioso e profundamente difícil conseguir isolar desde a antiguidade até aos dias de hoje todos os parâmetros que compõem esta situação tão complexa, por forma a conseguir estabelecer responsabilidades de forma perfeita. Não podendo ser assim, eu opto pelo partido dos Árabes, mas confesso que sou sempre um defensor da tua opinião que é sempre a mais válida, ou seja, "Não À GUERRA!".
    Um Abraço e um bom fim-de-semana.

    By Blogger Abade.anacleto, at agosto 11, 2006 9:19 da manhã  

  • È engraçado como neste espaço as minhas ideias se sentem (bem) acompanhadas. concordo plenamente com o texto, e com os comentaristas (claro que a musica dos u2 é sempre bem escolhida). O que mais me assusta nestes conflitos são as propagandas dos diversos paises e da nossa televisão. tenho sempre a nitida sensação que me estão a esconder alguns (importantes) factos, só me estão a mostrar uma parte da história, e os mass média têm uma grande responsabilidade nesta matéria.(lembrem-se os mujaidins eram os maus, os talibans eram os bons, agora são os talibans os maus, os israelitas os bons...e os civis continuam a sofrer.
    Uma guerra é sempre uma guerra, e já diziam os ABBA "the winner takes it all, the losser is standing small", mas só até á proxima oportunidade.
    justificações para a guerra?? Os direitos humanos, o petroleo,a gloria da revolução.
    Já dizia o vocalista dos u2 num concerto ao vivo (rattle and Hum) "onde está a glória da revolução quando se arranca um homem da cama e se mata esse homem em frente da sua mulher e dos seus filhos,?
    Acordem ... só se faz a guerra não por não se concordar com os outros, mas sim para se enriquecer, com a industria do armamento, da contrução civil,sim, porque os paises civilizados do oidente vão ajudar a reconstruir o pais destruido, etc.
    Que a paz esteja conosco.
    Abraço

    By Blogger trugia, at agosto 11, 2006 11:40 da tarde  

  • @Trugia: Concordo contigo, aquilo que se sabe não é mais do que a ponta do iceberg. Quantas coisas desconhecemos e que estão por detrás destes conflitos. Tem toda a razão o Bono quando o citas. As guerras têm e quase sempre tiveram motivos económicos por detrás de tudo o resto.
    Obrigado e um Abraço.

    By Blogger Abade.anacleto, at agosto 13, 2006 7:49 da tarde  

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    By Anonymous Anónimo, at fevereiro 05, 2007 9:48 da manhã  

  • By Anonymous Anónimo, at março 02, 2007 4:36 da tarde  

  • Só quero dizer a este bando de Anti-Semitas e Porcos Nazis VIVA OS JUDEUS VIVA O ESTADO DE ISRAEL!!!
    Que por mais que tentem exterminar com os JUDEUS nunca o conseguiram porque os JUDEUS são a prova viva de que deus existe!!!!!!!!!!!!!!!!!! VIVA O POVO DE DEUS!!!!!!!

    By Anonymous Anónimo, at junho 26, 2007 9:07 da tarde  

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    By Anonymous Anónimo, at novembro 13, 2009 11:45 da manhã  

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