Árabes e Judeus... Meu Deus!


Árabes e Judeus. Meu Deus...
No século VIII tivemos no que é hoje o nosso território uma grande dor de cabeça a que chamávamos Mouros. Mais tarde, àqueles que optaram por ficar fizemos-lhes o mesmo que haveríamos de fazer aos Judeus, ou seja, tratámo-los mal. Eram outros tempos, dirão alguns. Hoje, tantos séculos volvidos continuamos a ter a mesma dor de cabeça, a "Enxaqueca Arábica". Só que desta vez, eles jogam em casa e têm muita força. Se antigamente tínhamos a legitimidade do nosso lado para os expulsar do nosso território, hoje essa legitimidade não existe, eles estão no seu terreno.
Exceptuam-se as incursões terroristas a alguns países ocidentais, a quem nós por motivos políticos e étnicos, porque são ilegítimas e porque só trazem dor, criticamos sempre. Concordo que o terrorismo nunca foi e nunca será uma via aceitável para chegar onde quer que seja. Mas, e não resisto a perguntar: e quando este é a única escolha possível? E quando surge como única possível resposta às torturas, violações e outros agravamentos daqueles que detêm a força? Terá neste caso legitimidade? Tornar-se-á ético por ser o único meio ao alcance do fraco? Diremos muitos de nós que o terrorismo NUNCA é resposta, que há sempre a mesa das negociações, que... O facto é que a mesa tem muitas vezes o tampo e os pés cheios de caruncho. As palavras desvirtuam-se, são esquecidas, leva-as o vento; as bombas provocam vento ao deslocar o ar, matam, estropiam, destroem, mas ficam na memória das pessoas. Porém, cada atentado terrorista é mais uma injecção de anestésico que a população mundial leva no cérebro. Estamos cada vez mais imunes ao horror, ao sofrimento dos outros. Fechamo-nos na vida que gostamos de fazer, encerramo-nos no casulo a que chamamos lar, falamos dos temas que consideramos aprazíveis porque o "resto é p'ra esquecer e não é da nossa responsabilidade", observamos as cenas na TV como se fossem filmes de acção. São de acção, mas infelizmente não são filmes. Têm operadores de câmara, produtores, realizadores, actores, tudo para ser um filme. Não o são porque não passam o teste da ficção, passam sim no teste da realidade (ou daquilo que para nossa maior facilidade, designamos por realidade).
Do outro lado, Países Islâmicos, uns com mais poder que outros, com mais apoios que outros, com maior boa-vontade que outros. Países divididos na religião entre Sunitas (maioritários) e Xiitas (seguidores de Ali, genro de Maomé, e considerado pelos Xiitas como o único digno sucessor do Profeta), totalmente islamizados uns, mais ocidentalizados outros; duas concepções bem diferentes de encarar o mundo, de viver consigo e com os outros. Países que levam a dor, que tornam tantos filhos órfãos com os seus terríveis atentados Bombistas. Países que se têm cada vez mais fanatizado à sombra de um Livro chamado Corão e sem motivos. O Corão, para quem já o leu é um livro cheio de beleza e de violência também (como a Bíblia e a Tora) que se vê tão deturpado para justificar o injustificável numa tão grande Religião. Uma religião que anela pela paz e harmonia; com uma história cheia de tolerância que já não encontramos hoje em dia em grande parte dos casos.
Temo cada vez mais que a solução para o conflito israelo-árabe é como Bob Marley afirma numa das suas canções: "It seems like, total destruction it's the only solution. There ain't no use, no one can stop them now..." (parece que a destruição total é a única solução. Não vale a pena, ninguém pode pará-los agora...).
A "Sharia" ou Lei Islâmica que tudo ou quase tudo regula é dura, como duras são aquelas gentes. Mas Israel também tem uma Tora cheia de regras, violência e destruição. Os "catecismos" adequam-se reciprocamente.
A prática da caridade, da solidariedade, da amizade, do desapego, traz-nos a paz; uma bala na cabeça também! Um antigo professor de Psicologia disse-me uma vez que o Ser Humano se rege sempre pela lei do menor esforço, é a sua tendência natural. Realmente a bala implica um muito menor esforço do que o praticar uma religião ou filosofia de vida com todas as suas "exigências", que apele à paz e à harmonia. "Ai conflitos, conflitos, quantas das vossas balas são feitas na fábrica de Braço de Prata?" (ao pé de Lisboa) (Camões ultra-corrompido).
Os Homens de paz são assassinados (Buda (foi envenenado), Jesus, Gandhi, Martin Luther King, etc, etc.); os de guerra matamo-los um pouco mais tarde, quando os conseguimos apanhar.
Valha-nos quem vocês quiserem porque isto está mesmo a dar para o torto.
Mais um belo texto! Lembrei-me de uma música dos U2, Sunday, bloody Sunday, quando Bono canta "When facts are fiction and TV reality"...
Estes radicais acabam por desvirtuar a religião que "defendem", usando-a como pretexto para a violência.
Abraço e boa semana!