Moral ou Moralista?

É óbvio que não existe um Bloguista que não goste de ser lido, comentado, criticado. Mas não será por isso que se deixa de escrever o que pensamos das coisas da forma como as percepcionamos (com os sentidos e/ou com a alma).
Confesso que me dei ao trabalho de imprimir e reler todos os posts deste Blog. Enfim, se estou a defender a moral (o que é diferente de
ser moralista), que me deixem fazê-lo (como diria Pessoa).
O debate que se avizinharia interessante seria confrontar o moralista com o não-moralista e tentar chegar de forma assertiva a conclusões que talvez permitissem atenuar essa minha "moralidade" e diminuir a "imoralidade" desse alguém que me leu. Um amigo meu nascido na Índia, o Ráji de Calcutá (e que odeia Nova Deli) disse-me que este debate era como jantar num restaurante que estivesse fechado. (?)
Por vezes sinto-me um pouco estranho por ser tão eclético em relação às religiões, aos partidos políticos, a quase todos os aspectos do humano, dos meus comportamentos aos meus gostos musicais, também eles tão ecléticos. Não me filio a nada porque não me interessa, excepto as Organizações de Defesa dos Direitos Humanos já que sou membro de duas delas.
Lembro-me de ter uma vez perguntado a um professor onde estava a verdade de entre todas as "milhentas" correntes da Psicologia. Ele respondeu: "A verdade está naquela que tu considerares mais verdadeira!". No fundo é um bocado o que todos fazemos, percorremos o caminho pleno de escolhas, escolhos e indecisões, seguidas tantas vezes por decisões que mais não são do que autênticas regressões ou ramais do Caminho. Mas também isso faz parte do nosso aprendizado.
Há pessoas que defendem os animais de forma acérrima (graças ao Universo por essas pessoas existirem), eu defendo o Ser Humano de forma acérrima, se bem que toda a fauna e flora tenham em mim um defensor exigente.
Nesta altura, alguns já terão pensado que estou irritado ou coisa que me valha. Nada disso! Muito pelo contrário. Soube que alguém me leu e isso valeu muito para mim.
No entanto, a destrinça entre aquele que tenta defender e fazer uso da moral não é nem de longe o mesmo que um moralista. Moralista é o Diácono Remédios, na minha opinião o personagem mais bem conseguido por Herman José. Quantos moralistas como ele não andam por aí pelas Igrejas, Partidos Políticos, etc., etc.
Agir de forma moral, pela moral ou contra a moral já Kant nos enunciou espectacularmente no século XVIII. Mais tarde aparece Nietzsche com o seu sentido estético de moralidade quase alienígena, quase que não deste mundo. Um Nietzsche que dizia não poder perdoar ao escritor francês Stendhal a melhor tirada ateia jocosa de sempre: "... A única desculpa que Deus tem é que não existe.". Bom, eu que considero muito os dois nomes acima escritos estou a borrifar-me para o que eles diziam. Para mim existe, para mim Deus é uma realidade tão tangível quanto a Julie Roberts (sei que existe mas não consigo "jogar-lhe as unhas" (risos)).
Considero que há pessoas que devem ser ouvidas com muita atenção como S.S. o Dalai Lama, um ou outro Cardeal (não este Papa!), mas mesmo assim há que pôr em causa o que eles afirmam para que, cada um de nós, possa verificar se realmente eles estão com o que nós consideramos "ter razão" (uma das mais felizes opiniões de Buda em que também se referia ao que ele próprio afirmava).
Claro está que alguém 100% cumpridor da "moral e dos bons costumes" não existe, seria uma aberração; como também não há ninguém que seja 100% imoral. Quanto aos amorais incorrem no risco da ausência de referenciais que lhes permitam situar-se. Uma análise mais atenta permite verificar que também não existe verdadeira amoralidade. Exceptuam-se casos célebres como o Professor Alexandrino, auto-intitulado Mago e Hipnotizador de massas (o que é Nacional é bom).
Por último temos os que não pertencem a nenhum destes 3 grupos, posso dar como exemplo o nosso actual 1º Ministro, que ao ser questionado pela "Gazeta do Barranco das Popas" acerca de se considerar moral ou não-moral, respondeu que apenas na juventude e só quando lhe dava a "veia". Referiu com orgulho ainda existirem os restos encarquilhados de um mural que ele pintou na escola primária onde estudou (já quase em ruína absoluta, como parece ser o futuro da maior parte das nossas escolas). Muralista ou Moralista eis outra questão tão importante! Picasso foi Muralista e Moralista (apenas quanto baste). O nosso P.M. foi Muralista agora é algo de mais ou menos indefinível como as alforrecas. Difere destas últimas porque as suas medidas provocam sempre ardor e comichão. A alforreca é um animal selvagem (tal como o P.M.) mas só provoca malefícios se lhe tocarmos ou ela nos tocar inadvertidamente. Quem dera que o mesmo se passasse com o Sócrates.
Bom, sejamos o que quer que seja, façamos o nosso caminho da melhor forma para nós, prejudicando em nada ou no mínimo possível os nossos colegas Humanos e não-Humanos (paráfrase de Jean-Jacques Rousseau).
E termino com esta interrogação: Como poderia ser eu, um Abade, um ser imoral? Hum? Hum?
Como sabes fazes parte dos blogs que visito e leio com alguma regularidade e não acho nada que tenhas Posts demasiado moralistas.
Detesto classificar porque há sempre uma grande margem de erro mas se tivesse que o fazer incluiría os teus posts na classe dos posts críticos, com uma boa dose de humor por vezes algo satíricos e acutilantes :)
Bjokitas e continua a publicar como tens feito até aqui!