Pax Intratibus

7.5.06

O Governo do nosso descontentamento


Li no CorreioAlentejo que há um grande descontentamento dos agricultores em relação ao Ministro da Agricultura. Li já não sei onde que há um grande descontentamento dos professores em relação à Ministra da Educação. Li que há um grande descontentamento em relação ao fecho de pelo menos 13 maternidades. Os Países do 1º Mundo esforçam-se por levar os cuidados de saúde ao utente, cá é o oposto, o utente é que se tem de deslocar cada vez mais longe para obter esses cuidados. Descentraliza-se o que nunca se devia e o que se deveria descentralizar, centraliza-se. Ah! “Ganda” País! Li também que há um grande descontentamento dos funcionários públicos em relação a vários ministros. Parece que também há um grande descontentamento dos Psicólogos porque a respectiva Ordem nunca mais vê a luz do dia. Também li que há um grande descontentamento de muitos portugueses em relação à chamada regionalização. Li também que há um grande descontentamento dos Portugueses em relação a quase tudo o sai do Conselho de Ministros. Também li que muitos Portugueses estão descontentes com a política seguida pelo 1º Ministro a vários/muitos níveis. A isto se junta o grande descontentamento dos Portugueses em relação ao “inimigo”, o nosso querido Ministério das Finanças. Posto isto, cabe perguntar: Quem são os não-descontentes deste País? Se já tivéssemos uma super-cidade no Alentejo (porque nas restantes cidades e vilas alentejanas o futuro afigura-se negro) como parece ser o futuro de Évora poderíamos perguntar ao administrador-geral dos Alentejanos, mas como isso ainda não aconteceu (felizmente!), dirijo-me a todos os que me leiam. Afinal quem é que está contente neste canto sudoeste da Europa? Será possível termos conseguido finalmente um Governo que consegue (coisa rara) não agradar nem a “Gregos nem a Troianos”? Tanto se poderia fazer e tão pouco se faz.
O vizinho Cavaco (é algarvio) falou na A.R. aquando do 25 de Abril sobre as crescentes desigualdades sociais. Foi o estouro da boiada, o voar da serra de palha em vento exposto ao temido ciclone, das áridas mais às esquerdas até às desérticas mais às direitas, passando pelos mais ou menos centros, tudo ficou de boca aberta da brutal surpresa sentida na nossa sui generis Assembleia da República. O B.E. e o PC terão pensado: ”Este discurso é nosso, qual é o papel deste gajo?”; o PS terá cogitado: “Mas o que é que este gajo está a fazer? A complicar-nos a vida, está a dar cabo disto tudo!”; o PSD e o PP devem ter pensado apenas qualquer coisa deste tipo: ”Este gajo só pode estar maluco, deve ter-lhe subido o cargo à cabeça para vir com um discurso destes que nem tem por onde se lhe pegue”. Não sou militante de partido algum, mas que gostei da surpresa com que o nosso P.R. presenteou a Assembleia, isso gostei e muito.
Um outro assunto de que me apetece falar (escrever) é o seguinte: Invadiram os EUA o Iraque e só nos últimos tempos já o nosso Governo aumentou os combustíveis umas 5 vezes. Então para que foi aquela palhaçada toda? Toda a mortandade que já aconteceu e que continua a derrubar inocentes de um lado e de outro para a morte, para quê? Quem ficou e está bem servido com esta guerra? Agora os EUA (leia-se George Bush) namoram os campos petrolíferos do Irão, mas parece que estes são um osso muito mais duro de roer. Tentando seguir esta linha de pensamento filosófico-distorcida-distraída Bushsniana, o Presidente da Venezuela (outro dos grandes produtores de petróleo do planeta) já mandou as companhias estrangeiras p’rás urtigas e pôs as Forças Armadas Venezuelanas a patrulhar/guardar o petróleo com o argumento de que se está em solo da Venezuela pertence ao povo Venezuelano.
Nós mandamos militares, gastamos com eles o que não temos e nem um garrafão de gasolina lucramos com isso! Ouvi dizer a alguém muito próximo do 1º Ministro que este ano os Portugueses iriam ter um cabaz de Natal digno de gente rica, cada família receberá 3 garrafões de gasolina e um de gasóleo para usar ou vender no mercado negro. Isto para calar as má-lingua (como eu, risos) que acham que não temos sido mais do que um pau-mandado da política externa dos EUA. Excepcione-se a corajosa e tão criticada atitude do Ministro dos Negócios Estrangeiros quando não se pôs a cacarejar a favor dos cartoons sobre Maomé como alguns saudosistas que continuam a viver no século XI e a sonhar com as Novas Cruzadas. As antigas sabemos nós que não resultaram principalmente devido à ganância dos Europeus e às suas atitudes anti-cristãs. No que toca à piedade muito teríamos aprendido com os muçulmanos da época não fora a nossa desdenhosa atitude de lhes chamar Infiéis e nada mais.
Excepção à regra foram os bravos Cavaleiros do Templo de Salomão, os Templários, os melhores e mais justos guerreiros de todos os tempos, que o vil Rei Francês Filipe “o Belo” e o Papa da época se encarregaram de destruir para roubar as tão famosas riquezas desta Ordem de Monges-Guerreiros. Mas afinal o que roubaram? Terras! As supostas toneladas de ouro e prata já tinham sido tão bem escondidas que ainda hoje se espera encontrar esse fabuloso tesouro em que as mãos gananciosas de um Papa e de um Rei franco não conseguiram jogar as unhas.
O espírito destes homens acusados de tantas coisas, entre as quais de se entenderem com os muçulmanos (que teria sido a única forma de todos terem direito e livre-acesso à cidade de Jerusalém) perdeu-se em grande parte no tempo. Mas o que se perdeu pode ser recuperado. Deveríamos fazer uma “vaquinha” e oferecer ao Bush a “História dos Templários” e “As Cruzadas vistas pelos Árabes”, talvez o homem aprendesse qualquer coisa.
É difícil compreender o presente sem perceber os eventos do passado. É como que uma casa sem paredes. O Revivalismo ardente destes ódios cruéis perpassa toda a sociedade. ‘Tá bem, pronto, nem toda (“maldito Celtibérix”). Há grupos de pessoas que não se deixam enredar nestes rápidos fluviais. O meu voto é que estes grupos continuem a aumentar para desgosto daqueles que cultivam a guerra como forma de vida.

3 Comentários:

  • Em relação ao inicio do teu post:
    Não, não há uma única pessoa neste país que não esteja descontente.
    em relação ao final do post:
    Tal como antigamente a ganância existe e muito! A sede de poder continua a vingar de ambos os lados, não há aqui coitadinhos e os muçulmanos não são assim tão cruéis como a comunicação social faz parecer...
    Há que ler nas entrelinhas, deve haver tanto lixo no meio destas novas cruzadas que nós nem sonhamos!

    By Blogger Unknown, at maio 07, 2006 11:51 da tarde  

  • Os tempos são de grandes dificuldades. Tal como tu gostei muito do discurso do presidente. Acho que foi das interveções políticas mais importantes dos últimos 15 anos. Para que toda a gente não se esqueça que existe vida para além das gordas dos jornais e dos números de sondagens e orçamentos.

    Continuação de bom trabalho e boa semana!

    By Blogger RCataluna, at maio 08, 2006 8:00 da tarde  

  • Trequita e RCataluna, desta feita respondo aos dois. Realmente deve haver lixo nestas "Novas Cruzadas" que dava para encher o Atlântico.
    As gordas dos jornais e as magras do Jet-7 são a camadinha de verniz hipócrita com que apresentamos ao Mundo uma realidade que não existe neste País. A realidade somos nós, os do Jet-0 (risos) e o Jet-0 está cada vez mais tramado.

    By Blogger Abade.anacleto, at maio 10, 2006 7:53 da manhã  

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