Pax Intratibus

19.5.06

O Rastilho Lento

Alterar, alterar, alterar. Eis um dos lemas mais queridos de Portugal, melhor dizendo, de alguns Portugueses, os que mandam mais que eu que não mando nada a não ser neste meu Convento a precisar de reformas urgentes. Confesso que não tenho tido sorte com os meus superiores eclesiásticos, vamos agora recorrer a esse Irmão de bom coração, o Ministro das Finanças, mas estou com um pressentimento ruim, que por certo não corresponderá à realidade. Mas continuando, a sensação que sempre permanece em mim é que esses senhores têm uma falta de visão profunda no que toca às prioridades e à forma de melhorar, de alterar para melhor funcionar. Alterar para tornar melhor ésempre uma boa medida e só não muda de ideias quem as não tem. No entanto, quando nos deparamos com tantas e tantas alterações ao já feito, quantas vezes se verifica que sim, elas eram urgentemente necessárias e sim, o que foi alterado ficou melhor ao nível estrutural e ficou, ao mesmo tempo, mais funcional. Essas são em quase todo o Portugal uma triste minoria.
Lembro-me há anos atrás de uma atitude por parte de um Autarca que foi inédita à luz do que sei. A situação passou-se em Tavira, cujo Presidente da Câmara, o ex-ministro Macário Correia, submeteu àdecisão directa dos cidadãos por referendo se o antigo Depósito de Água deveria ser demolido ou permaneceria no seu lugar de sempre podendo ser eventualmente aproveitado de outra forma, já para não falar do facto de que era algo que pertencia ao legado histórico da cidade (se bem que não muito recuado no tempo), o que na minha opinião bastaria para não ser destruído. O povo decidiu, o depósito não se demoliu. Quantos exemplos destes poderíamos recolher em todo o País? Muito poucos, por certo. Quando são os cidadãos consultados de forma adequada acerca de mudanças estruturais que irão alterar o seu espaço urbano, rural, o seu espaço ecológico?
Só somos cidadãos de 1ª aquando da ocorrência de eleições. Depois de eleitos os candidatos sortudos passamos a ser considerados uma carneirada amorfa (sem qualquer desprestígio para os ovinos que são animais que merecem todo o meu respeito) que não se organiza porque não sabe nem quer chatices. Os gajos estão lá, eles que decidam, foi para isso que ganharam as eleições. Não, não foi! Ganharam porque a maior parte dos eleitores apostaram que eles eram as personagens indicadas para proceder às devidas alterações que urgem neste País. Os senhores políticos eleitos, por seu lado, pensam que se deve fazer tudo da melhor maneira (que ésempre a sua) e que os cidadãos não têm voto na matéria, até porque isso seria muito perigoso.
Somos como um depósito de gás dentro do qual vai lentamente aumentando a pressão. De acordo com a Física quando o metal não aguentar o esforço, a pressão em Kgs por cm², o depósito rebenta. Penso que mais cedo ou mais tarde isso nos vai acontecer, tal como já aconteceu parcialmente se bem que com bastante seriedade na França e mais recentemente com mais gravidade em São Paulo. Como disse Júlio César "Alea Jacta est" (os dados estão lançados, a sorte está jogada).

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