O Rastilho Lento
Lembro-me há anos atrás de uma atitude por parte de um Autarca que foi inédita à luz do que sei. A situação passou-se em Tavira, cujo Presidente da Câmara, o ex-ministro Macário Correia, submeteu àdecisão directa dos cidadãos por referendo se o antigo Depósito de Água deveria ser demolido ou permaneceria no seu lugar de sempre podendo ser eventualmente aproveitado de outra forma, já para não falar do facto de que era algo que pertencia ao legado histórico da cidade (se bem que não muito recuado no tempo), o que na minha opinião bastaria para não ser destruído. O povo decidiu, o depósito não se demoliu. Quantos exemplos destes poderíamos recolher em todo o País? Muito poucos, por certo. Quando são os cidadãos consultados de forma adequada acerca de mudanças estruturais que irão alterar o seu espaço urbano, rural, o seu espaço ecológico?
Só somos cidadãos de 1ª aquando da ocorrência de eleições. Depois de eleitos os candidatos sortudos passamos a ser considerados uma carneirada amorfa (sem qualquer desprestígio para os ovinos que são animais que merecem todo o meu respeito) que não se organiza porque não sabe nem quer chatices. Os gajos estão lá, eles que decidam, foi para isso que ganharam as eleições. Não, não foi! Ganharam porque a maior parte dos eleitores apostaram que eles eram as personagens indicadas para proceder às devidas alterações que urgem neste País. Os senhores políticos eleitos, por seu lado, pensam que se deve fazer tudo da melhor maneira (que ésempre a sua) e que os cidadãos não têm voto na matéria, até porque isso seria muito perigoso.
Somos como um depósito de gás dentro do qual vai lentamente aumentando a pressão. De acordo com a Física quando o metal não aguentar o esforço, a pressão em Kgs por cm², o depósito rebenta. Penso que mais cedo ou mais tarde isso nos vai acontecer, tal como já aconteceu parcialmente se bem que com bastante seriedade na França e mais recentemente com mais gravidade em São Paulo. Como disse Júlio César "Alea Jacta est" (os dados estão lançados, a sorte está jogada).
Subscrevo o texto. Infelizmente só contamos em tempo de eleições.
Um abraço.