O Regresso do Abade!
Escorrem-te nessas alturas as lágrimas do céu pelos troncos das tuas, tantas vezes, esparsas árvores. Corre-te pelas veias que se abrem no teu solo esse sangue incolor a que chamamos água já tão carregado pelo teu sabor, pelos teus cheiros.
O sobreiro, a azinheira, são os teus estandartes... Queria que fosse o Salgueiro Chorão com os seus ramos caídos a beijar o chão, gotejando lágrimas carregadas de esperança e melancolia, como melancólica e nostálgica é a tua essência ancestral.
O poeta diz “ai Alentejo quem te amou não te esqueceu...”! Eu que de poeta nada tenho, digo que quem te ama não te esquece. A nossa relação de amantes que se disputam e reconciliam não teve, tem ou terá fim. Que não se compare o meu amor por qualquer mulher que de repente me apareceu no caminho pelo amor que por ti sinto. Como talvez dissesse Pessoa num dos seus piores dias de inspiração: “O que por ti sinto ou pressinto nunca o direi a ninguém excepto a todos aqueles que me ouvem e esses são eu e pouco mais do mim que reparto com mais ou menos boa vontade por aqueles a quem assim o decido...”.
Por isso, e como sempre, a ti Alentejo...