Pax Intratibus

28.3.06

A Tristeza Anunciada

A Delinquência infanto-juvenil aumenta, o consumo de drogas leves e duras aumenta, o consumo de álcool nos adolescentes aumenta... e a culpa é?! A culpa é desta sociedade desvirtualizada de valores espirituais, ou de ancoragens se os meus amigos ateus assim o preferirem. As metas cada vez mais elevadas impostas por esta sociedade vã até poderiam ser aceites como válidas, o problema é que não são postos ao dispôr os meios necessários para se poder atingir o que quer que seja. Se tens uma cunha, estás bem! Se não a tens, desenrasca-te. É tão fácil chegar à paz de espírito quando o dinheiro não atormenta, e então, conseguem-se grandes feitos, pois... Este poderia ser o mote de algo que já descambou do caricato-dramático para o puro drama.
Veja-se o anúncio publicitário-tipo: Uma moça toda corpinho danone levanta-se de uma cama que está num quarto do tamanho de um T1, come um yogurte e exprime facialmente as emoções que costumam acompanhar algo parecido com um orgasmo porque o yogurte é excelente. O problema não é o yogurte, mas sim a identificação: quem come destes yogurtes vive acima da média, tem uma boa vida. Imagine-se o mesmo anúncio em que a pikena se levanta de um divã de abrir e fechar numa casa toda deteriorada. Seria o mesmo? Que exemplos, que altura de fasquia estamos a sugerir/impôr aos jovens de hoje? A resposta é fácil, aquelas que eles nunca poderão atingir. Então o que sobra? O suicídio, a agressão contra tudo e todos, a amargura filha da frustração. Lembro-me da ascensão de Hitler ao poder, foi tão fácil depois de estarem reunidas todas aquelas condições que hoje em dia já cá estão presentes em grande parte. Prevejo uma europa com regimes maioritariamente da ultra-extrema-direita, vulgo neo-nazis. Esta é uma idade em que assomam à porta os extremismos, onde o ser flexível tem cada vez menos lugar por muito que nos tentemos esconder por detrás de biombos a que damos vários nomes, nomes sem grande aplicação prática. Um soco na cara é sempre sentido como um soco na cara. Entrar em grandes considerandos do tipo: bom, levei um soco! Porquê? Para quê? Vou perdoar para poder levar imediatamente outro soco, etc. etc. Há um tempo para semear, um tempo para colher. Este é o tempo da colheita de tantas e tantas asneiradas semeadas pelas grandes e pequenas potências. Os murros chegaram. Não é que isto nos faça desistir da mensagem búdica, crística ou ateia de boas intenções. É apenas um alerta de que nada é como pensámos que poderia ser nesta Era do Aquário.

22.3.06

Reformas Para Quase Moribundos

1, 2, 3, quando será a nossa vez? Abençoadas as crianças que irão herdar a dívida nacional e nos pagarão as benditas (não muito benditas atendendo aos quantitativos) reformas. O nosso Governo já estendeu a nossa força e saúde ao prolongar o tempo de trabalho até aos 65 anos, ou seja, os Portugueses têm de ter força, caso contrário nunca a terão (Nietzsche). Agora esperamos que os 65 anos passem a 70 e então sim. Que espectáculo caricato será ver as ruas cheias não de carros, mas de macas em que a malta terá de ser transportada aos devidos empregos. Imaginem a confusão, garrafas e tubos de oxigénio por todo o lado, juntem-se os suportes do soro e teremos um autêntico cenário de filme de ficção terrorrífica. Claro que dos 70 aos 75 será um pulinho. Nesta altura os reformados com menos 15 ou 20 anos que a tabela darão bastante nas vistas, então finalmente reconheceremos os sortudos que um dia tiveram um cartão partidário com um número, e esse número para sua sorte saíu no sorteio não do cabaz de natal, mas sim para um cargo que permitiu ao fim de 2 mandatos atingir a bendita reforma. O que serão então estes homens válidos pela idade a que se reformaram? Serão como jardins no meio de um deserto, como ilhas cercadas de “velhos” acabados por todos os lados. Os pais tentarão por todos os meios integrar os seus filhos num determinado partido. Vencerão os pais cujo prognóstico de futuro político-partidário se tenha revelado correcto (o futebol passará a 2º plano). Os restantes trabalharão até aos 70/75 anos de idade.
Isto até que poderia ser o início de um romance de ficção cientíca de cariz social, mas infelizmente não o é! Será provavelmente aquilo que espera quem ainda percorre os cada vez mais sinuosos caminhos até à reforma. Eu comecei a descontar com 18 anos, se me reformar aos 70, terei descontado para o Estado cerca de 52 anos. Um político descontará cerca de 10 anos. Viva a Segurança Social Portuguesa, Viva este Portugal cada vez mais usado e abusado. Resta-me a esperança de pelo menos aqueles que conseguirem atingir os 80 anos ainda consigam descansar algum tempo até a terra os reclamar como sua pertença. “Dos torrões vieste e aos torrões e pedregulhos retornarás.”. Os epitáfios serão enfadonhos do tipo: “Aqui jaz quem descontou 53 anos sem ter tido proveito algum”, ou “Ao nosso querido ente falecido que foi um herói da Segurança Social. Aqui jaz quem descontou 62 anos.”.
No entanto e como sou Português e Alentejano ainda tenho esperanças de que as coisas melhorem. Nós os Alentejanos somos os paladinos da esperança. O que seria de nós sem ela? Há centenas de anos que temos esperança e as únicas esperanças que nos aparecem são as “Maria Esperança, Esperança Isabel, etc.”. Esperemos então por um projecto sério que permita recuperar a Segurança Social nos próximos 123 anos de tantas sucessivas sangrias e desagravos. Assinado: Um esperançado em não sei bem o quê!

17.3.06

O Sorriso de Buda e as Previsões


Li no Crime as previsões de uma senhora de quem já não recordo o nome. De entre a variedade de acontecimentos a surgir, ressaltam pela sua importância os maremotos devastadores no Algarve que fazem antever um Verão “Negro” e a consequente fuga dos Portugueses do sul do País (será que vem de novo a tão falada re-invasão dos árabes e a consequente destruição do trabalho de D.AfonsoIII?), a destruição de Las Vegas, de Paris, e mais grave de tudo, a destruição do Vaticano. Interrogo-me acerca do que aconteceria se Bin Laden fosse suficientemente ingénuo (o que eu não acredito que seja) para destruir um património mundial sem igual. Gostar ou não do Vaticano! Bom, é a capital mundial dos católicos! Para os ateus contém obras de arte que não são património da Igreja, mas sim da espécie humana. Vejam-se os trabalhos de Rafael, Miguel Angelo, Cellini, etc.). Agora, o que sucederia se a Al-Qaeda destruísse o Vaticano? Quanto tempo estaria de pé a Caaba em Meca (quiçá o Vaticano para os Muçulmanos)? Se Bin Laden pretendesse uma nova era de Cruzadas então tê-la-ia, por certo, com um acto destes. Atendendo à diferença de potencial bélico entre os países árabes e os cristãos (e pensando que a China só gosta de intervir aquando de ameaças ao seu espaço geopolítico), poderíamos ficar com um cenário em que os países árabes e Israel por arrastamento desapareceriam do mapa mundial. As consequências, essas todos as sofreríamos, uns mais do que outros, sim, porque nestas coisas há sempre “Les uns et les autres”. É quase inconcebível pensar no desaparecimento do Estado do Vaticano e por muito que se critique a Igreja, ele é como um garante da nossa civilização.
A possível destruição do principal santuário muçulmano seria inevitável e também estes povos ficariam privados do seu principal referencial religioso. Assim sendo, quem ficaria a ganhar com estas destruições gratuitas?
Haja mais discernimento e flexibilidade entre os homens de paz.

13.3.06

Há uns tempos atrás lia-se em alguns jornais que Gilberta foi assassinada! Transexual Brasileira tinha contraído SIDA, tuberculose e todas as mazelas secundárias que ambas as doenças provocam. Sabia que o seu fim estava próximo. Não havia necessidade de este ter sido provocado pelas agressões selváticas e gratuitas de um bando de 14 rapazes com idades compreendidas entre os 12 e os 16 anos. Ora estes “meninos” já tinham um historial de pequenos furtos, agressões, etc, etc. Estavam sob a tutela da Segurança Social e da “Oficina de S. José”, esta última pertença da Diocese do Porto.
Naquela fatídica noite, Gilberta deixou-se mais uma vez insultar, ser agredida e violentada. Este “tratamento” cheio de socos, pontapés e sevícias sexuais acabaria por lhe provocar a morte. Não contentes com esta situação, os “meninos” regressaram dias depois e jogaram friamente o seu corpo franzino para um poço existente no local.
De acordo com o testemunho de alguém que percorre a mesma senda, Gilberta já tremia por todos os lados. Todos os cêntimos que conseguia eram gastos em droga, gastos no esquecimento temporário e torturante. Triste sina a de quem percorre estes já gastos caminhos da prostituição. Agora, são necessários 4210 Euros para trasladar os seus restos para o país que a viu nascer, o Brasil. Transsexuais do Porto fizeram uma colecta, a segurança social forneceu 950 Euros, entre todos não é suficiente.
Somos ateus, crentes, nacionalistas ou “si, ma non troppo”, no entanto, temos de ser humanistas quanto baste. Não dignifica Portugal, nem os Portugueses, permitirmos e provocarmos este tipo de situações. O assassínio nunca resolveu nada, salvo casos extremos, como limpar-se o sebo a um “serial killer”.
Pode pensar-se, e o que é que veio para cá fazer esse(a) brasileiro(a)? E porque não? O que vão tantos Portugueses fazer para o estrangeiro? Nem todos irão trabalhar em fábricas, julgo eu.
Li também no C.M. acerca dos perigos inerentes à prostituição feminina de luxo. Bom, não sou, nunca fui prostituta ou prostituto. Penso que consigo, no entanto, imaginar que será uma vida tremendamente fácil para quem não pensa e um horror para quem sente (esta paga direitos de autor não sei a quem).
Na Praia da Rocha, uma mulher foi atirada de um 6º andar abaixo por um cliente; outra que estava num apartamento próximo foi esfaqueada. Mas já nem é uma questão de perguntarmos em que país vivemos, mas sim em que planeta vivemos. Ouço dizer que somos afortunados porque ainda estamos, de certa forma, resguardados. Dá-me a sensação de que esses “bons tempos” já lá vão. Agora temos de enfrentar situações para as quais não estamos minimamente preparados. A violência gratuita (para o ladrão! para quem é roubado é gratuita o tanas!) cresce alarmantemente, não escapa o idoso, jovem, jeová, mormon, hetero, homo, etc, etc. Perguntamos: Onde é que isto irá parar? Alguns conhecidos presenteiam-nos com a célebre frase: “Isto precisa é doutro Salazar!”. Pergunto eu, para quê?! O homem foi um assassino frio, calculista. Roubou (não para ele, mas para o Estado), matou porque quem não era por ele era contra ele. Não precisamos do António Oliveira Salazar para nada!!! Precisamos de gente com o senso da nacionalidade sã e não de ditaduras gratuitas! Veja-se o caso dos nuestros hermanos! Várias etnias, vários interesses, tantas províncias, mas um acordo consuetudinário que extravasa o que está escrito! Primeiro nós, depois os outros.
Caso curioso, em Portugal é proibido usar uma cruz suástica (símbolo milenar que representa paz, fertilidade, a vida em movimento, etc.), já na França, país que sofreu horrores durante a II Guerra existe um partido neo-nazi, devidamente legalizado, florescente. Então, em que é que ficamos? Só a Divisão Verde composta por voluntários portugueses que foram combater contra a Rússia ao lado da espanhola Divisão Azul SS pontificou na dita guerra. Pensando: Nos países que sofreram as deportações, o martírio, o Holocausto, são permitidos partidos de ultra-direita, vulgo neo-nazis, em Portugal que nada sofreu em comparação, nem se pode usar uma t-shirt com uma destas cruzes sem se levar nos cornos ou ver os seus direitos atropelados. Pois eu adoro a suástica nas suas mais diversas formas. Sou coleccionador de cruzes e crucifixos e nunca deixaria de ter ou usar uma cruz da minha colecção. Incomoda? A quem? E a quem incomoda, pelo menos sabe porquê??!!.

8.3.06

In-Situações

Depois de uma Évora há tantos anos reconhecida pela UNESCO como património mundial, exemplo dignificante mais tarde seguido por Serpa, eis-nos agora, esta Pax-Iulia tão esquecida e relegada para segundo plano em tantos aspectos, em vias de apresentar um projecto inédito ao IPPAR: considerar toda a parte antiga como de interesse público o que é inédito em Portugal, já que não se trata de um edifício, mas sim de um conjunto de urbanizações cheias de história. Não será tão grandioso como o reconhecimento de interesse mundial, estatuto de que Évora goza merecidamente.
Atendendo a que Beja é pertença portuguesa há mais anos que Évora é caso para recordarmos o Mestre Nazareno quando dizia que “os últimos serão os primeiros”.
O afastamento cada vez maior entre Beja e o Poder Central já tornou os 180 Km’s que medeiam Lisboa e Beja em 360 Km e a distância aumenta; em contrapartida, os 150 Km’s que distam de Évora a Lisboa reduziram-se a uns meros 50 Km’s. É óbvio que não falo de distâncias geográficas mas sim de distâncias ao nível das intenções. Évora cresce, Beja parece crescer. Temos cada vez mais urbanizações e que Indústria temos? Retire-se a CMB, o Cameirinha e os Hipermercados e com o que ficamos em termos de entidades empregadoras?
Beja não pode viver apenas da prestação de serviços. Urge a conversão da Base Aérea em Aeroporto. Parece ser a discussão acerca deste Aeroporto e a sua hipotética entrada ao serviço mais uma das chamadas Obras de Santa Engrácia, uma vez começadas e nunca mais acabadas (este dito advém do facto de esta Igreja que é hoje o Panteão Nacional ter demorado séculos a ser construída tantas as paragens e os arranques).
Assim é o tratamento que os sucessivos governos têm dado a Beja, uma série de pára-arrancas, com muito mais paragens que arranques. Como diria Pessoa: Beja, quando te cumprirás? Quando te darão o lugar que historicamente tão mereces? Florescemos sob os Romanos, os Visigodos e os Árabes, murchámos com Portugal conquistador. Teremos de desejar um povo que nos reconheça o devido valor? Não! Devemos sim esperar um Governo que Governe em Português sem trelas europeias e muito menos norte-americanas. Que se cumpra Beja como Évora já se cumpriu(e).


As artérias entupidas de Beja com tanto carro estacionado e a circular parecem precisar de um cateterismo para erradicar o colesterol. Ruas há em que o colesterol (leia-se carros) é tanto que o sangue já não circula. Com tantos AVC’s (acidentes vasculares cerebrais) quase se pode prever que as paralisias não tardam. Veja-se a título de exemplo, a zona do castelo, carros estacionados de ambos os lados das ruas, carros cruzando-se em espaços cada vez mais restritos. Que melhor paralelismo poderíamos encontrar que o da acção do colesterol colado às nossas artérias. Esperemos que as tão anunciadas alterações ao trânsito citadino não tardem, porque tudo tarda neste Portugal e muito mais no Alentejo, até nas anedotas. Curiosa a apetência do Português pela ridicularização do alentejano. Os brasileiros têm os argentinos (que detestam) e os portugueses (que gozam), os Portugueses têm os alentejanos, os alentejanos têm os padres e os ciganos. Pergunta-se: Quem terão os padres e os ciganos?
A típica anedota de alentejanos visa quase sempre a célebre moleza, a preguiça, a comparação com o animal rápido que é o caracol. O que não deixa de ser engraçado é que os mexicanos são gozados da mesma forma pelos norte-americanos “Dixies” (os dos estados do sul que se contrapõem aos “Yankees” habitantes dos estados do norte).

1.3.06

Poema Singelo


Já era tempo de eu postar aqui um poemita meu. Fiquem-se pois com este pequeno atropelo da minha alma.

A PÊGA AZUL


A chuva ao escorrer-me pela cartilagem da alma
seca-me completamente o corpo nu.
Este ar de não-poeta configura-se ou prefigura-se
na imagem desolada da ave morta.


Só quem nunca sentiu uma nuvem a escorrer-se,
quem não presenciou um não-poeta,
pode talvez ser algo de palpável, de inelutável.


Mas quem nunca viu o horror, o terror,
a pungência da Dor Moral, da perda da beleza,
do seu término, não na sua morte, mas em si pássaro,
que fez algures no tempo um último voo ou flutuo.
Quem ao tal ver não sentiu o mundo mais pobre e menos belo,
fica por Decreto Poético coibido de sentir o que quer que seja!


Eu senti naqueles olhos vagos, vazios, inertes,
na falta da cor daquelas penas lindas de pêga azul,
outros azuis morrendo.
De noite, ao apagar-se o Sol,
ainda nos valem a Lua e as Estrelas.
À pêga e ao “tenta versejar” pouco resta senão
a dôr da impotência, a tristeza de algo lindo que se esvaiu, se perdeu.
Tal como o poeta que se exala em cada verso, em cada tropeço de caneta.”







 
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