Pax Intratibus

27.7.06

Com-siderandos e Sem-siderandos

As pedras fascinam-me, sempre o fizeram! Fico sempre a pensar que por cá ficarão depois de todos nós que cá andamos de momento aos tombos, já estivermos a "fazer tijolo" há muitíssimo tempo.
As pedras são "brutas", opacas, os cristais são lindos e tantas vezes quase transparentes. Que diferença entre eles! E porquê? Apenas porque os cristais se formaram em condições diferentes (principalmente a pressão atmosférica muito elevada). Se transpusermos tudo isto para o Mundo do Humano conseguimos ver um paralelismo enorme. É facto que nós moldamos o meio como ele nos molda a nós. Teremos então os Humanos-Pedra e os Humanos-Cristal (sem qualquer referência implícita
às crianças e adultos Índigo e Cristal), a diferença entre eles é tanta quantas as condições que receberam para se formar foram distintas.
É tão fácil criticar aqueles que tudo têm ou aqueles que nada possuem. O problema neste caso é o "caminho do meio", ou seja, aqueles que não se inserem por azar nos abastados e por sorte nos cada vez mais empobrecidos. Parece que a batalha terá de começar não na linha da frente nem sequer na retaguarda, mas sim pelos que ficam no meio do "exército", aquela coisa que em Portugal é tão mal definida, a Classe Média! A nossa classe média evoca quase sem que o queiramos a Idade Média, estamos entalados entre o Clero e a Nobreza e os Servos. Os primeiros detestam-nos pela algo relativa proximidade; os segundos também nos detestam porque estamos melhor que eles e um pouco mais perto da "Nobreza", dos ricos. Mas o que se verifica é que os ricos pouco pagam impostos, os pobres (mesmo pobres) não pagam porque não podem e resta esta amálgama a que chamamos classe média para pagar as escolas, os hospitais, estradas, etc, etc, etc. Como não somos nem carne nem peixe, somos tipo Bacalhau, salgam-nos, secam-nos e "comem-nos" (ainda por cima por parvos).
Nada tenho contra os ricos, apenas contra os pobres! Há que acabar com os pobres, torná-los mais ricos, reduzir este "Mar Negro" que separa os "les uns et les autres".
Afirmam os autores mais conservadores recorrendo ao determinismo bio-psico-sociológico que "filho de peixe sabe nadar". Uma ova! O que falta por aí são incompetentes a ocupar cargos só porque o pai é quem é ou conhece quem conhece e não porque os filhos tenham qualquer competência que salte à vista. E aí os temos por todos os buracos onde se ganhe bem e se faça pouco (de preferência), esses falsos peixes de barbatanas de borracha e escafandro para não se afogarem.
Li num dos melhores blogs que conheço e que frequento sempre, um Post acerca dos boys e dos jobs e de um líder partidário a criticar outros 2 partidos por adoptarem esta prática, ou seja, usar o Factor C (cunha) e/ou o Factor CP (Cartão dum Partido). Mas qual o partido político que não adopta esta prática? Nenhum, está visto! Temos de viver com esta situação, mas sem deixarmos de criticar ou até denunciar este tipo de situações.
Suposição Seráfica (de Serafim, o mais elevado dos nove coros em que os anjos se dividem): Os partidos políticos acabavam! É óbvio que nada mudaria! Ficariam sempre em destaque, os nossos amigos, os do nosso clube de futebol, da nossa religião, etc. Parece-me ser uma característica marcante do Ser Humano e do Latino em particular, confundir amizades e afinidades com competências. Daí também a desgraça que vivemos (deve ser a maior desde Viriato, o Lusitano).

Existem muitas estratégias para fazer uma criança comer quando ela não lhe apetece a comida que lhe apresentamos. Nós adultos também somos distraídos pelo Líbano, Israel, Iraque, Irão, Afeganistão, Timor, Mundiais e Europeus de Futebol, Jogos Olímpicos etc. Assim não nos chateamos com a cada vez mais degradada situação a que chegámos. Os anglo-saxónicos têm o seu ditado "Give the dog a bone" (dêem um osso ao cão [para ele estar entretido]) que também deu título a uma canção dos velhinhos AC/DC, nós temos o "enquanto o pau vai e vem folgam as costas". O problema é que as hérnias discais tanto virtuais como factuais são cada vez mais (foi mesmo para rimar). AH! Ganda País!

18.7.06

A Guerra e as Guerras

Imagem: Museu Yad Vashem



"Como é que o Real entra no Inventado? – Faz-me uma pergunta mais fácil!"
"Known World" Seamus Heaney


Pôrra! Pôrra e Pôrra! Mas quem é que esta gente pensa que é para estragar os planos do G.W.Bush?
Esta ofensiva das Forças Armadas Israelitas é no mínimo suspeita. Mudou o Chefe do Governo de Israel mudaram-se as (boas) vontades?
Há uns tempos Bush sonhava com a invasão do Irão, mas pensou umas quantas vezes antes de o fazer devido (não só mas também) à intervenção de dois ex-conselheiros presidenciais para os assuntos militares (um deles de Bill Clinton) que desaconselharam vivamente tal intervenção e disseram que o problema da Al Qaeda nada é comparado com o potencial terrorista que o Irão pode fazer entrar em acção em todo o mundo ocidental. Como se isso não bastasse, devemos recordar o tipo de soldados e a sua coragem fanatizada que compõem as Forças Armadas Iranianas. Acrescentaremos as armas nucleares e o resto do arsenal que o Irão tem vindo a acumular sabendo que mais cedo ou mais tarde o dia em que os Norte-Americanos bateriam à sua porta, chegaria.
Então Bush recolhe as garras e concentra-se na missão impossível que é o Iraque, ou se quiserem o Vietname Parte II.
Eis então que surge uma cabecinha pensante (o que à partida exclui o Bush) que se lembrou que há muitos caminhos para chegar a Roma. Vai daí, os Israelitas viram um soldado seu ser raptado e desencadeiam a ofensiva contra os palestinianos, foi a 1ª desculpa, mas, OH! Não é possível! Não é que o Hezbollah raptou outros 2 soldados e vai daí invadem o sul do Líbano, foi a 2ª desculpa. Seguem-se os bombardeamentos da estrada Beirute-Damasco, é a 3ª desculpa! O alvo é a Síria, Síria que tem o arsenal bélico mais forte das proximidades de Israel. Então dá-se o presente a Bush: o Presidente Sírio telefona ao Presidente Iraniano e este último declara numa televisão pública que se Israel atacar a Síria, o Irão responderá violentamente, a "violência da resposta será inimaginável". Fica o puzzle completo: Israel ao ser atacado pelo Irão fará entrar ao seu lado nesta guerra os Estados Unidos. E cá temos um Bush a conseguir com uma atitude um pouco mais de adulto (apenas no sentido de saber esperar que "a fruta amadureça") a conseguir a sua tão almejada vingança contra os reveses e humilhações por que o Irão fez passar os EUA (veja-se o caso dos reféns há anos atrás). Será o princípio do fim? Sem me querer armar em profeta do Apocalipse direi apenas: Que o Universo nos guarde dos Bushes e outros fanáticos da guerra.
Hoje temos guerras, guerrilhas e afins para todos os gostos: Guerra no Iraque, no Afeganistão, atentados na Índia, os rebeldes de Caxemira que servem de desculpa ao eterno ódio entre Paquistão e Índia (ou entre Hindus e Muçulmanos), a ameaça dos mísseis Norte-Coreanos, das armas nucleares Iranianas, os massacres da população Palestiniana pelo Estado de Israel (ai se um dia os ultra-ortodoxos ganham as eleições), a mortandade em Israel pelos grupos fundamentalistas árabes, a instabilidade em Timor Petrólorosai (e o petróleo sai quase todo para a Austrália); a ETA que não dá descansos prolongados ao Estado Espanhol, o Vaticano detentor de pelo menos 1/3 do capital de uma das mais famosas fábricas de armas do mundo, a Pietro Beretta (surpreendidos? nem sei porquê?!), a horrífica situação em Dalfour na África, o duplo genocídio no Tibete perpetrado pelo Estado Chinês (morte física e morte cultural do povo Tibetano), a ditadura no Nepal (?) que leva a perguntar: "et tu, Budismo?" e que o povo já não aguenta, a guerrilha terrorista mais ou menos encoberta de uma Rússia que não se consegue reencontrar, uns EUA que se perderam num presidente belicista e megalómano, o rescaldo cheio de brasas (feridas) duma Jugoslávia partida aos bocadinhos "piquininos" e que até se entenderiam se não fossem tantas as religiões em confronto; um IRA que se acomodou de momento com as concessões do Governo Inglês (sempre faz com que o Vaticano poupe uns milhões em armas para o IRA "limpar" os Anglicanos, por sua vez armados pela Inglaterra). Por fim, não podemos esquecer a degradação que se vê e entrevê em certos países da América Latina.

Os problemas das minorias são mais ou menos resolvidos, melhor ou pior remendados um pouco por todo o planeta.
O Ser Humano odeia (porque teme) a diferença e a melhor forma de fazer cessar o ou aquele que é diferente é o extermínio ou na melhor das hipóteses, o confinamento, o isolamento.
Aqui neste Portugal saltam-me imediatamente à memória os Ciganos e os Homossexuais. Diferentes, logo de temer, autênticos alvos a abater (ai se um dia o Partido Nacional ganha as eleições em Portugal...). Os que são ou se sentem "diferentes" vivem num labirinto cheio de obstáculos que se mostram muito subtilmente, assim como quem não existe. Mas os escolhos estão sempre presentes, vistos de forma estúpida pelas maiorias como uma peçonha que se pega por contacto ou por proximidade.

O que concluir de tudo isto? Somente que nada aprendemos com a História da Humanidade, nada aprendemos com os antigos erros. Lembramos Thorndike com a sua teoria da "Aprendizagem por tentativa e erro", mas já tentámos e errámos tantas vezes, e no entanto, continuamente cometemos os mesmos erros que tendem a piorar ao longo dos anos. Regressão em vez de Progressão eis do que se trata. Dizer que o Ser Humano evolui está correcto! Mas evolui em que sentido? Na sua maioria, não no sentido da paz, do amor incondicional, no referencial positivo. Quase ninguém quer ouvir falar de paz, a paz é enfadonha (diz isto quem nunca viveu cenários de guerra); a guerra é excitante, divertida até! E o que acontece no momento em que se fica com um filho(a) morto(a) nos braços? Com um pai estropiado e a seguir assassinado? Aí a guerra entra no nosso EU, penetra profundamente em nós, perde a "graça". Adaptando uma frase conhecida: "a diversão de uma guerra é o facto de não existir nela diversão alguma".
Resta-nos a esperança que é sempre a penúltima coisa a morrer (a última somos nós) de que ainda haja o suficiente bom-senso, alguma ponderação nos políticos com verdadeiro poder (ou pelo menos medo!) e também nos G-7, G-8, em todos os G's menos na G-3.

14.7.06

Aviso!


Realmente já era tempo de o tabaco exercer a sua pequena vingança contra os avisos do Governo a quem ninguém liga. Da mesma forma também ninguém vai ligar a esta séria advertência com que o tabaco nos mima.
Enfim, quem nos avisa é porque sabe de qualquer coisa.

4.7.06

EU, ALENTEJO...



Gosto dos Alentejanos porque são meus, porque são fortes, porque são calorosos na sua irrequieta quietude. Pertencem-me de corpo e alma estas gentes tão dispersas, de tanta resistência provada no tempo, ao vento, ao sol que me incendeia em tempo de Verão. Gosto deles porque me aceitam como sou, plano e montanhoso, árido e chuvoso. Gosto dos rios, ribeiras e regatos que me rasgam e de entre todos estes adoro o meu menino de oiro, o Guadiana de reflexos de prata quando o sol que tanto me acompanha lhe afaga a superfície. Gosto do peixe que salta do seu ventre aquoso para me ver, me experimentar, provar. Amo cada pedra que me compõe, cada grão de terra que em mim tenho. Todas as flores que dou na primavera parecem-se com uma dádiva do Universo, de Deus. Amo o meu cheiro a mentrasto exposto à humidade e ao calor. Amo os homens e mulheres que me habitam mesmo que não tenham nascido em mim. Nunca demora muito tempo para também eles me pertencerem, por mim se apaixonarem como acontece aos pintores, poetas e escritores.
Decidiram fazer em mim, um enorme lago, uma barragem. Não me importei, gostei! É lindo, como são lindas as crianças que nas suas (também minhas) margens brincam, enchendo de salpicos o seu pequeno coração e cavando covinhas de sorrisos, risos e momentos de ternura e felicidade nas suas caritas despidas de malícia. Por vezes, quando o meu companheiro sol se mostra tórrido, peço ao vento meu amigo que as acaricie com uma brisa, que as alivie do sofrimento mordente do astro-rei. Gostava de roubar a estas crianças o sofrimento que acompanha sempre quem sofre da "doença" de ser sensível.
Sei que estas mulheres e homens me criticam muito, mas eu perdoo-lhes. Compreendo o seu desconforto pelo calor, pelo frio cortante, por o que fazem e não fazem outros homens que não são meus e que pouca ou nenhuma importância me atribuem. Mas que me importa? Eu sou dos meus e eles são de mim. Nascidos e criados ou adoptados. Conheço-os a todos, os que me tratam e os que me maltratam. Sei que quando é preciso todos me defendem com unhas e dentes dos ataques de quem não é ou não quer pertencer a mim. A mim, Alentejo de prosa longa e curta poesia. A mim, cheio de cores e odores, de danças e amores, de músicas dolentes e cantadores, de saias mais rápidas e tocadores. A mim que tenho esculpido em todo o meu Ser, esculturas feitas por um Deus Maior e outras de maceta e cinzel. Estas, as últimas, foram-lhes inspiradas por mim, que nunca estou adormecido; eu que estou sempre de olho nos meus, nos que me observam com sentimento. Os outros apenas passam por mim sem me ver ou tocar.
Por tudo isto, este pequeno trecho é dedicado a quem me ama a mim, O Alentejo
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